6 de jan. de 2012

até que enfim

(Fritz Aigner)




até que enfim voltei
voltei para a poesia
voltei
houvesse não
a poesia
não mais corria o córrego
no fundo do vale
(não importa quão sujo seja o córrego que corre no fundo do vale)
houvesse não
a poesia
e não mais uivava à lua o cão
no meio da noite
(não: não importa que o cão seja sarnento e a lua tenha sido fodida pelos pés sujos de um americano qualquer numa noite de lobisomem)
voltei
isso o que importa
para a poesia eu voltei
houvesse não
a poesia
e eu seria
apenas um homem que caminha no meio da vida em busca de merda
(não importa porra nenhuma o que digam desses versos que nem parecem versos)
houvesse não
a poesia
e eu estava morto
para sempre morto no meio da merda dessa vida

(terça-feira, 19 de junho de 2001)

Nenhum comentário:

Postar um comentário