17 de nov. de 2021

do fundo da noite

 





do fundo da noite o tropel

do meu coração disparado

bate nos ossos como um corcel

que teve seu cavaleiro baleado

e corre como louco à luz da lua


sou eu e meu coração desesperado

tropeçando em raízes 

afundando nos alagados



sou eu - olhos de medo arregalados

para não pisotear a carne nua

no fundo da noite despojada

entregue à sanha de hienas famintas


como se fosse o legado do desespero

o rosto em fogo coberto das tintas

do degredo e do concerto sem tempero

ao som do violoncelo desencantado

vindo do profundo estertor da noite

da mente de villa lobos desentranhado

para o gozo que a carne aceita como açoite




6.2.2021


28.5.2025


(Ilustração: Lyonel Feininger - ruin by the sea, 1930)

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