19 de jul. de 2016

Amada dos últimos dias

(Aaron Coberly)





Não sofro por ti, amada minha da última estação,

Não, não sofro.

Por muitas mulheres que amei

Sofri seu desprezo ou sofri sua ausência.

Sofri por ciúmes ou por qualquer besteira.

Todas as mulheres que amei

Por todas fui traído, a todas eu traí

E por isso por elas todas eu sofri.

Mas não por ti, amada minha de meus últimos suspiros,

Não por ti.

Pago o preço e tenho-te. Pago o preço e tens-me, a mim,

Inteiro, sem reservas, sem percalços.

E tenho-te como teria uma ave na mão,

Acaricio-te, dou-te alimento, amo-te e depois te solto.

Tuas asas buscam o sol, buscam o vento, buscam a vida.

Não sei o que fazes dessa liberdade que tens, não a que te dou,

Porque não te dou liberdade, tu a tens, tu a tens porque és assim,

E não sei o que fazes e o que quer que faças está bem feito

E continuo te amando, minha amada de meus últimos invernos.

E tu não cobras o que não posso te dar, dono que sou de eterna inconstância.

Meu coração não chora por ti e não chora por mim

Porque ambos – livres de nós mesmos – somos os amantes dos últimos dias.

E nos amamos assim.





16.6.2016



Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, neste endereço de podcast:



Nenhum comentário:

Postar um comentário