1 de fev. de 2025

espanto de viver

 




o espanto de viver se encerra

a sete palmos embaixo da terra

– depois não há – só lembrança

na mente de quem cultiva esperança



o pó do tempo cobre nomes e sobrenomes

– ficam palavras que não foram ditas

como verdades que são escritas

não no granito mas nas pedras-pomes



e a vida que era uma grande festa

– hoje lagarta e logo depois borboleta –

voa seu derradeiro voo sobre o mar e pela floresta

antes de espantar-se sob uma pedra preta



[ou ser sobre a tumba o vestígio de um nome – uma só letra]





10.1.2025

(Ilustração: Horace Vernet - Une tombe en terre d'Afrique)



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