alieno-me em mim mesmo
ao reler Machado de Assis
e saio pelas ruas a esmo
tentando entender esses brasis
esses brasis que do Rio de Janeiro
sonha o escritor em cada linha
– não há ali o mulato inzoneiro
nem os indígenas que comeram o Sardinha
mas uma sociedade complicada
que descia dos morros para as ruas
[– às vezes irrequieta – às vezes calada]
a viver as desventuras suas
num cadinho de gentes e de cores
que se constroem como nação
uma nova nação de bravos
agora já sem escravos
mas ainda com muitos senhores
a borrar o seu brasão
com as asas de um ou outro urubu
mas Machado só tem mesmo dissabores
ao mostrar a si mesmo pelos olhos de Capitu
25.11.2024
(Ilustração: foto da internet sem indicação de autoria)
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