a lua cheia
à noite rodeia
rodeia a vítima
o assassino
na treva da vindima
cicia o som do sino
morreu – não morreu
do canto do muro
[no escuro]
o canto da coruja
não sei se sou eu
que vivo na noite suja
o canto das carpideiras
ou se é na madrugada
o grito do assassinado
em meio à bruma – o nada
só o tempo – o tempo passado
que goteja na ampulheta
rejeita a sopa o mendigo
ignora já o perigo
- morto na sarjeta
só o luar o rodeia
e tudo é previsível
ao ar intoxicado
[encontra o viciado
a última veia]
o assassino é invisível
à noite rodeia
a luz da lua cheia
[a morte é branca branca da cor do luar]
12.1.2025
(Ilustração: Edvard Munch (1863-1944, Norway): L' Assassin, 1910)
Nenhum comentário:
Postar um comentário