5 de abr. de 2025

o assassino

 





a lua cheia

à noite rodeia



rodeia a vítima

o assassino

na treva da vindima

cicia o som do sino

morreu – não morreu



do canto do muro

[no escuro]

o canto da coruja

não sei se sou eu

que vivo na noite suja

o canto das carpideiras

ou se é na madrugada

o grito do assassinado



em meio à bruma – o nada

só o tempo – o tempo passado

que goteja na ampulheta



rejeita a sopa o mendigo

ignora já o perigo

- morto na sarjeta

só o luar o rodeia

e tudo é previsível

ao ar intoxicado

[encontra o viciado

a última veia]

o assassino é invisível



à noite rodeia

a luz da lua cheia



[a morte é branca branca da cor do luar]





12.1.2025

(Ilustração: Edvard Munch (1863-1944, Norway): L' Assassin, 1910) 





Nenhum comentário:

Postar um comentário