14 de dez. de 2025

lua na janela

 





a lua espiou pela janela

e escondeu-se entre nuvens

de vergonha a palpitar

quando te viu nua e mais bela

que todo o seu esplendor lunar



deixou cair no entanto um breve raio

para atiçar-me tanto amor

que nos jogos de sombra e luz

entre a nudez envergonhada da lua

que tenta concorrer com a tua

escolho o laço de teus braços em cruz



eu – um novo deus crucificado

voo do céu ao inferno em cada espasmo

e nos prazeres mais ateus

morro e ressuscito em cada orgasmo

nas asas de luz dos arroubos teus



pela janela a cada noite que a lua passeia

traz sempre diferente o seu semblante

e ao ver que a cada noite nosso amor se renova

de enciumada e ressentida lua cheia

muda de repente para minguante

e depois para a triste e solitária lua nova



24.4.2025

(Ilustração: Chantron Alexander - Danae)





Nenhum comentário:

Postar um comentário