a lua espiou pela janela
e escondeu-se entre nuvens
de vergonha a palpitar
quando te viu nua e mais bela
que todo o seu esplendor lunar
deixou cair no entanto um breve raio
para atiçar-me tanto amor
que nos jogos de sombra e luz
entre a nudez envergonhada da lua
que tenta concorrer com a tua
escolho o laço de teus braços em cruz
eu – um novo deus crucificado
voo do céu ao inferno em cada espasmo
e nos prazeres mais ateus
morro e ressuscito em cada orgasmo
nas asas de luz dos arroubos teus
pela janela a cada noite que a lua passeia
traz sempre diferente o seu semblante
e ao ver que a cada noite nosso amor se renova
de enciumada e ressentida lua cheia
muda de repente para minguante
e depois para a triste e solitária lua nova
24.4.2025
(Ilustração: Chantron Alexander - Danae)

Nenhum comentário:
Postar um comentário