trago das noites de outrora
o cheiro das lobas
impregnado na memória
do meu olfato agonizante
não há nesse cheiro qualquer mistério
que não seja o próprio mistério
de um tempo de espessas magias
de um tempo que – sei agora –
era apenas de desencantos
por beijos jogados no abismo
por promessas perdidas no ostracismo
onde medraram entre pedregulhos
de sentimentos improváveis
semeados por mãos insensíveis
na busca de carícias inúteis
26.9.2025
(Ilustração: Edvard Munch - noite na rua Karl Johan; 1892)

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