(Odd moon - a. não identificado)
com luas cheias e outras luas maio caminha lento por manhãs de frio
e a chuva fina adelgaça o horizonte em cinza de tons fechados
a cabeça do homem descansa sobre tablados de insanidade
entre refolhos de esgoto imundo a sujar os rios do planalto
não vence ao medo a vontade de partilhar ações e comunhões
os abraços apertam panos pútridos pendidos de pavilhões pretos
os presos soltam pipas e as pipas não soltam os presos
imaginam-se lentas melodias e melopeias melosas em maio
a lua cheia em plenos poderes de deuses mortos adormece
na manhã de outono quase inverno o vento levanta saias
os sábios decretam leis e os legisladores propõem enigmas
não cantam pássaros nas folhagens negras e sapos pululam
em cantorias nos brejos de todas as almas assustadas
luas e luas cheias e brandas marcam o destino do maio lento
não desabam tempestades mas uma chuva fina e sem fim
sobre cabeças cortadas levadas em cortejo nos tablados insanos
procissões de rotos e rotundos roubadores entoam melopeias
de eras passadas e longas noites de pranto e barbárie
pende da ponta da lança a orelha surda de cada guerreiro
na busca do graal da lua cheia no maio lento em lúcida manhã
faça-se enfim a guerra que maio não defende a paz nem a luz
e os homens não são nem anjos nem demônios apenas bárbaros
a buscar a pedra filosofal de sua inútil espera por dias melhores
5.5.2017
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