20 de set. de 2017

terra vista do espaço







disse o poeta sobre o morro da mangueira

visto assim do alto mais parece um céu no chão



imagino a terra o nosso planeta visto assim de longe

mais parece um ponto azul perdido no espaço

um ponto azul tão belo e tão suave ao fundo negro

do espaço sem fim

um ponto calmo a girar em torno de si e do sol

no silêncio do espaço sideral

no silêncio absoluto do espaço sideral

tão belo

tão calmo

um mundo de paz perdido como um ponto obscuro

no espaço sideral



visto assim de longe não se sabe do que é capaz

o planeta em que vivemos

porque de perto – já disse outro poeta – ninguém é normal

e o mundo em que vivemos não é som de valsa vienense

nem o amanhecer de peer gynt



sofremos nós muito além de nossas próprias guerras

e desgraças

sofremos nós

os humanos

muito além de nossas próprias misérias e ações estúpidas

o que faz a terra com nossa vida e nossos dias

a tornar tão frágil a frágil vida que aqui vivemos

indiferente a nossos gritos e nossos ouros

a calmaria da distância emerge em lavas de vulcões

em ondas gigantes de maremotos

em desabamentos de terremotos

e enchentes e furacões e tempestades

em abraços de fogo e desprezo de geleiras

castiga-nos como se os humanos fôssemos apenas pedras soltas

a rolar por abismos sem fim na calmaria do espaço sideral



muito além do que tudo aquilo que já fazemos contra nós mesmos

o nosso calmo e belo e azul planeta declara assim sua guerra

contra o bicho da terra tão pequeno

indiferente e calmo e belo e azul a rolar e girar pelo espaço sideral

viajante apenas

viajante das galáxias perdidas

como nós mesmos nos perdemos em seus abismos

à mercê de seus esgares





11.9.2017

(Você pode ouvir este poema, na voz do autor, no seguinte link para o podcast:

Um comentário:

  1. Muito bom, poético… nossa insignificância perante o universo? Como dizia Rumi: não somos uma gota no oceano, somos todo o oceano numa gota.
    Abração, Nabil

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