disse o poeta sobre o morro da mangueira
visto assim do alto mais parece um céu no chão
imagino a terra o nosso planeta visto assim de longe
mais parece um ponto azul perdido no espaço
um ponto azul tão belo e tão suave ao fundo negro
do espaço sem fim
um ponto calmo a girar em torno de si e do sol
no silêncio do espaço sideral
no silêncio absoluto do espaço sideral
tão belo
tão calmo
um mundo de paz perdido como um ponto obscuro
no espaço sideral
visto assim de longe não se sabe do que é capaz
o planeta em que vivemos
porque de perto – já disse outro poeta – ninguém é normal
e o mundo em que vivemos não é som de valsa vienense
nem o amanhecer de peer gynt
sofremos nós muito além de nossas próprias guerras
e desgraças
sofremos nós
os humanos
muito além de nossas próprias misérias e ações estúpidas
o que faz a terra com nossa vida e nossos dias
a tornar tão frágil a frágil vida que aqui vivemos
indiferente a nossos gritos e nossos ouros
a calmaria da distância emerge em lavas de vulcões
em ondas gigantes de maremotos
em desabamentos de terremotos
e enchentes e furacões e tempestades
em abraços de fogo e desprezo de geleiras
castiga-nos como se os humanos fôssemos apenas pedras soltas
a rolar por abismos sem fim na calmaria do espaço sideral
muito além do que tudo aquilo que já fazemos contra nós mesmos
o nosso calmo e belo e azul planeta declara assim sua guerra
contra o bicho da terra tão pequeno
indiferente e calmo e belo e azul a rolar e girar pelo espaço sideral
viajante apenas
viajante das galáxias perdidas
como nós mesmos nos perdemos em seus abismos
à mercê de seus esgares
11.9.2017
(Você pode ouvir este poema, na voz do autor, no seguinte link para o podcast:
Muito bom, poético… nossa insignificância perante o universo? Como dizia Rumi: não somos uma gota no oceano, somos todo o oceano numa gota.
ResponderExcluirAbração, Nabil