28 de jun. de 2025

abraço fatal






para o passo

à beira do abismo

espera uma asa

redentora

- não há espanto

desprezível

apenas o verso

no final do soneto

- não há desejo

na pele nua

apenas o sangue

respingado

no muro caiado

- não há lágrima

nos olhos acesos

apenas o grito

que não ecoa



o passo suspenso

na véspera do abismo

espera a palavra final

espera o pedido

que não vem



suspenso o passo

antes do salto



e se não há asas

que voejem

o abismo abre os braços

para o abraço fatal



16.8.2024

(Ilustração: Zdzisław Beksiński)

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