para o passo
à beira do abismo
espera uma asa
redentora
- não há espanto
desprezível
apenas o verso
no final do soneto
- não há desejo
na pele nua
apenas o sangue
respingado
no muro caiado
- não há lágrima
nos olhos acesos
apenas o grito
que não ecoa
o passo suspenso
na véspera do abismo
espera a palavra final
espera o pedido
que não vem
suspenso o passo
antes do salto
e se não há asas
que voejem
o abismo abre os braços
para o abraço fatal
16.8.2024
(Ilustração: Zdzisław Beksiński)
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