Era uma vez
o aluno e seu mestre.
Era uma vez:
o aluno perguntava
perguntava ao mestre
sobre as estrelas e seus mistérios.
E lá ia o mestre como um raio
em luz de estrela transformado
a tocar o infinito, a descobrir os mundos inefáveis,
para cobrir de pó,
de pó de galáxias perdidas,
os cabelos longos do bom discípulo.
Era uma vez.
Era uma vez o aluno e seu mestre.
Era uma vez.
E o aluno indagava
indagava ao mestre
sobre os vermes que habitam
o vasto e impuro coração da terra,
os vermes que roem o coração dos homens.
E lá vinha o mestre como a raiz
em tentáculos de seiva transmudado
a arrancar das entranhas
das entranhas do lodo a razão de vida,
de vidas mil em átomos perdidas
para abrir os olhos, os olhos bons do bom discípulo
com exemplos raros de luz e sombra.
Era uma vez.
Era uma vez o aluno e seu mestre.
Era uma vez.
E foram vezes tantas que a luta atroz
entre o indagar e o responder
trouxe a luz ao velho mestre
que um dia o discípulo amado
ao ver em encanto o mestre já tornado
tomou a si o pó de estrelas
juntou ao peito o lodo impuro
e fez ao mestre a pergunta derradeira.
Era uma vez.
Era uma vez o mestre.
Era uma vez o discípulo.
Era uma vez.
(Ilustração: Ivan Bogdanov - the apprentice-1893)
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