21 de fev. de 2018

A TODOS OS MESTRES








Era uma vez

o aluno e seu mestre.

Era uma vez:

o aluno perguntava

perguntava ao mestre 

sobre as estrelas e seus mistérios.

E lá ia o mestre como um raio

em luz de estrela transformado

a tocar o infinito, a descobrir os mundos inefáveis,

para cobrir de pó,

de pó de galáxias perdidas,

os cabelos longos do bom discípulo.

Era uma vez.

Era uma vez o aluno e seu mestre.

Era uma vez.

E o aluno indagava

indagava ao mestre

sobre os vermes que habitam

o vasto e impuro coração da terra,

os vermes que roem o coração dos homens.

E lá vinha o mestre como a raiz

em tentáculos de seiva transmudado

a arrancar das entranhas

das entranhas do lodo a razão de vida,

de vidas mil em átomos perdidas

para abrir os olhos, os olhos bons do bom discípulo

com exemplos raros de luz e sombra.

Era uma vez.

Era uma vez o aluno e seu mestre.

Era uma vez.

E foram vezes tantas que a luta atroz

entre o indagar e o responder

trouxe a luz ao velho mestre

que um dia o discípulo amado

ao ver em encanto o mestre já tornado

tomou a si o pó de estrelas

juntou ao peito o lodo impuro

e fez ao mestre a pergunta derradeira.

Era uma vez.

Era uma vez o mestre.

Era uma vez o discípulo.

Era uma vez.



(Ilustração: Ivan Bogdanov - the apprentice-1893)




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