quero os sons graves de violoncelos
a ferir o breu numa noite sem lua
quero os sons graves de violoncelos
a acompanhar o passo marcado dos carregadores de esquife
numa noite sem lua coberta de nuvens
quero os sons graves de violoncelos
a esticar o meu prazer em camas sujas de motéis vagabundos
quando dolorosamente te direi que te amo
e noite sem lua coberta de nuvens caia sobre nós em gotas
de serena chuva num tempo sem amanhãs
os sons graves de violoncelos tecerão a cantata final
de meus passos e de nossa esperança e as noites
passarão tão frias e tristes que à lua só restará
deixar um pequeno rastro na cama redonda de nosso desejo
25.1.2018
(Ilustração: Jean Auguste Dominique Ingres - the valpincon bather)
Nenhum comentário:
Postar um comentário