3 de fev. de 2018

violoncelos









quero os sons graves de violoncelos

a ferir o breu numa noite sem lua

quero os sons graves de violoncelos

a acompanhar o passo marcado dos carregadores de esquife

numa noite sem lua coberta de nuvens

quero os sons graves de violoncelos

a esticar o meu prazer em camas sujas de motéis vagabundos

quando dolorosamente te direi que te amo

e noite sem lua coberta de nuvens caia sobre nós em gotas

de serena chuva num tempo sem amanhãs

os sons graves de violoncelos tecerão a cantata final

de meus passos e de nossa esperança e as noites

passarão tão frias e tristes que à lua só restará

deixar um pequeno rastro na cama redonda de nosso desejo


25.1.2018




(Ilustração: Jean Auguste Dominique Ingres - the valpincon bather)


Nenhum comentário:

Postar um comentário