(Jeff Faerber (American) figure study)
ouvi no rádio
vi na televisão
veio mensagem no computador
hugh hefner o homem que inventou as coelhinhas
morrera
parei a punheta que batia e fiquei um minuto em silêncio
depois
continuei pensando em marilyn monroe
você meu amor pensa que trepamos e fazemos amor
só naquele quarto de hotel no centro da cidade
engana-se
trepo e faço amor com você todos os dias
no meu quarto
no meu banheiro
quando derramo o sêmen que era seu
que é seu
na cascata de uma descarga impoluta
vejo a moça nua no computador
e faço amor com ela de vez em quando
pensando coisas que jamais faria com qualquer outra
porque naquele momento ela é inteiramente minha
e não tem qualquer outra vontade senão a de dar
de dar para mim do jeito que eu quiser
dispo a menina que vejo na rua passando distraída
sem saber que naquele momento é comida
não só pelo meu olhar matreiro e sem vergonha
mas pela minha libido acesa ao pensá-la nua
o seu triângulo liso ou peludo que minha língua
desvendaria sem pejo e a despeito de peias morais
a maja vestida se desnuda logo ao meu anseio
e torna-se ventre em que se saciam esperanças
ao meu prazer entregue como qualquer mulher
puta ou virgem
casada ou solteira
amiga ou namorada
amantes todas de todas as horas de libidinagem
fogo que se apaga apenas em desertos lúgubres
das interdições dos ventos e dos espinhos
sou o macho que não se enquadra em seus sonhos
sou o íncubo de seus pesadelos
quando sucumbem todas as mulheres ao chamado
da lua cheia
sou o vampiro a queimar seu pelo e a furar seus olhos
nas noites frias de espanto e desespero
escutem o troar das cachoeiras e afoguem seu pranto
que as flechas de veneno enfim acharam seu alvo
pintem de negro as portas de seus quartos
aquartelem seus machos em tumbas perdidas
joguem fora as chaves de seus tesouros recolhidos
e espalhem cinzas ao redor de gatos arrepiados
inúteis os sortilégios quando soa a hora maldita
entreguem-se aos apelos da carne lanceada
deixem que os sucos de seus corpos se espalhem
pelas estradas cheias de perigos enquanto a lua
descamba para o leito vazio de esperas inúteis
saberei
eu o vampiro dos seus temores recônditos
eu o íncubo de seus desejos mais profundos
incitar o vento através das pétalas de suas carnes
e preencher o vazio do seu encantamento
a libido enfim satisfeita fará do seu estremecimento
o encanto de vida e paz que você nunca encontrará
um seio cortado a navalha
um riso sem motivo no meio da madrugada
um escárnio no gozo provocado por mãos inábeis
e hugh hefner visita o paraíso no meio do inferno
entre coelhos e couves de bruxelas
e eu continuo a fazer amor com você
meu intransponível amor de tardes emolduradas
por gozos e risos e encovadas recriações de sexo
até que meu gozo seque e meus colhões adoeçam
imagens ainda povoam o tempo de minha expectativa
a negra que um dia me abriu seu quarto-e-sala e as pernas
enquanto o marido gozava o ronco de algum motor
o gozo assustado e o prazer redobrado
a garota que aparecia e desaparecia de minha vida
como sombra ao sol de manhãs e de tardes quentes
amei-a um dia e não sei por quantos meses
uma japonesa que disse querer mais e ficou na vontade
a loirinha que pensei haver deflorado
e que também amei e ela desapareceu
são tantas que nem vale a pena lembrar uma a uma
sei apenas que meu gozo não vem se não me concentro
em sua bunda a encostar-se em meu pau
nas safadezas de nossas tardes de taras incontidas
de beijos longos e tremores de terremotos curtos
desesperança apenas o teu nome me surge
o quanto dura o desejo de libidinagens
povoa-se a mente a minha mente de seus sorrisos safados
escuto os movimentos das profundezas da terra
e sei que você está presente em leitos que desconheço
paixão em líquidos e estranhos jasmins de jardins etéreos
mexem-se nos túmulos todos os lúbricos da terra
aguardam o sepultamento do último sátiro
sou eu a pensar de novo em lábios que se abrem
ao toque de minha boca o seu gozo tremido
enfim eu sou o que escorre de mim e quando morro
morro no instante de prazer do nosso gozo
29.9.2017
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