13 de out. de 2017

vulto negro

 (autor não identificado)





o vulto negro contra o céu azul

pousado no alto do prédio de dez andares

chama a atenção da moça de minissaia

fere os olhos turvos do velho de bengala

para o trânsito e perturba a tranquila

sesta do dono da relojoaria

desvia o trajeto do ônibus que ia

para a zona norte e se perdeu

para sempre com todos os passageiros

atiça a cobiça do jovem candidato a vereador

espanta a preguiça da tarde e promete

uma nova ordem no caos da cidade

sem lei mas era apenas um urubu solitário

que voou indiferente traçando no céu

um longo círculo de paciência e paz

desaparecendo em seguida no horizonte

da tarde fria da cidade sem esperança



20.6.2017

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