(autor não identificado)
o vulto negro contra o céu azul
pousado no alto do prédio de dez andares
chama a atenção da moça de minissaia
fere os olhos turvos do velho de bengala
para o trânsito e perturba a tranquila
sesta do dono da relojoaria
desvia o trajeto do ônibus que ia
para a zona norte e se perdeu
para sempre com todos os passageiros
atiça a cobiça do jovem candidato a vereador
espanta a preguiça da tarde e promete
uma nova ordem no caos da cidade
sem lei mas era apenas um urubu solitário
que voou indiferente traçando no céu
um longo círculo de paciência e paz
desaparecendo em seguida no horizonte
da tarde fria da cidade sem esperança
20.6.2017
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