(Konstantin Somov)
nem musa tem a minha poesia
vestida com trapos que encontra no varal
nenhuma pintura atavia
seus olhos sem maresia e sem sal
olha a vida como ela é
caminha pela areia descalça e mendiga
e mesmo se lhe doem os cascalhos no pé
não espera quem lhe diga
qual o caminho a seguir
vai em frente como qualquer caminheiro
lambendo nas pernas cada ferida
que lhe cobra o caminho cada espinheiro
nunca se dá por vencida
a minha poesia
renasce a cada dia
e caminha sozinha
trêfega e mais empobrecida
e se antes mais sofria
agora caminha mais embevecida
pela estrada sem rumo e sem norte
vencendo em cada passo
um desejo de dor e de morte
23.11.2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário