(Francisco Brennand; A Grande Tartaruga - 1981)
porque os chamo poemas
são poemas o que escrevo
parecem livres parecem prosa
nascem no entanto presos
ao pulsar do meu corpo
àquilo que determinam
os lagos os rios os abismos
as cachoeiras e as estrelas
os mais negros infinitos
do meu cérebro em ebulição
nas suas sinapses enlouquecidas
que os apreciem alguns
que não lhes vejam sentido outros
que não se lhes afigure poesia tantos
que importa
se o que se enfileira em letras e sons
são pensamentos e sentimentos
atirados aos ventos e ao mundo
como folhas desalinhadas e arrancadas
de árvores sem raízes e sem frutos
semeadas à beira do caminho
e nascidas fortes porque é esse o seu destino
sem outra opção que não serem apenas vida
23.12.2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário