(Henri de Toulouse-Lautrec)
despetalo-me a teus pés
folha inútil na terra repisada e dura
de novo alimento de tuas raízes
enquanto te despes e te encolhes
embrutecendo tuas seivas em veias tensas
enrodilho-me a teus pés
esquecendo o vento que te fustiga
vergando-me à chuva e à névoa fria
sou teu manto de estrelas fugidias
tiritando o espanto de teus olhos mortos
abro para ti meus nervos gastos
corola em prantos de musgos e chuvas
ao beijo da brisa a vida que se guardou
nas tuas fibras o veneno do renascimento
escravo que te liberta aos sismos de gozos fáceis
compartilho-me contigo em banquetes de sal
o vento a brilhar na ponta de estrelas antigas
teu ventre em bulbos explode os espantos
de novos horizontes em fogo de sóis famintos
sou enfim teu mais ansiado espasmo o teu fim
9.9.2017
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