(Georg Emanuel Opitz)
num oco qualquer, em qualquer lugar do mundo,
te espero sonhando, porque te espero dormindo;
mesmo que venhas no passo da brisa,
enquanto não chegas, preparo meu corpo
com a calma e o talento das ondas mais mansas,
colhendo enredos de doces mistérios
que prometes em teus enleios, quando chegares;
não venhas tão rápido, amada, que o tempo
de anseio deve alongar-se como se alonga
pela praia a sombra do luar; e quero,
quero muito antecipar teus suspiros
no farfalhar das folhas do teu caminho;
quero poder ouvir-te ao longe, no horizonte
da floresta, porque, devagar, felinamente devagar
deves tocar as pedras do caminho, que não te firam
os pés os seixos, nem os espinhos;
no devaneio da brisa, no canto do pintassilgo,
preguiçosamente te espero e preguiçosamente
deves enredar-me quando chegares
para que o nosso amor - sem nenhum espanto -
seja serpente em doce elegância de abraçar,
e goze, lento como o lento marulho do mar,
lento, como lasciva foi a formação da terra,
e tenha, depois, o doce cansaço do canto
de carros de bois subindo a serra.
14.9.2012/4.11.2012/29.11.2012
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