30 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 10







No muro,
o cacto murcho.
Passado.





28 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 9






Como um beijo
de amor,
sem nenhum pejo
tomba a flor.





26 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 8





Na tarde, o vento
leva para longe
meu pensamento.






24 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 7





No horizonte
o sol se põe.
Aplausos.





22 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 6




Jaz a flor
sobre o túmulo.
É tarde.






20 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 5




Chap, chap,
que foi isso?
A rã, no tanque.






18 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 4




Destranque
a tarde o pulo da rã
no velho tanque.






16 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 3






Não se ouve o baque
no velho tanque
do pulo da rã.





14 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 2





No velho lago, pula
a rã: dia aziago,
sem amanhã.






12 de nov. de 2010

QUASE HAIKAIS 1





Sussurra o vento: psiu!
sem bulha! Mas – ploc-
a rã mergulha.






8 de nov. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 30


(Guennadi Ulibin)


Serviço


Ofereço-te prata
e ambicionas meu ouro.
Dou-te tudo quanto aspiras
e deixas-me falando comigo.
Se te agrado com minha chuva,
desagarras-te de mim
em busca de nuvens.
Sou teu escravo
e te recusas ser o meu senhor.
Bajulo-te e odeias-me.
Somos da mesma moeda
não a harmonia dos lados opostos:
em tua face os teus anseios ocultas.
Se te prometo o que desejas
não mais te interessam minhas intenções.
Tornas-te esfinge
se penso entender-te.
Devoras-me, no entanto,
se não me consomes.


Rio de Janeiro, 25/6/98


FIM 

DOS 

POEMAS ESPARSOS

4 de nov. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 29


(Guennadi Ulibin)


Inconsútil


Não quero o apoio inconsútil
de mãos angelicais. O apelo
ao mar inútil, a quebrar o selo
de todos os meus ais. Vem

ao encontro de mim, como louca
e beija também minha
pele e minha boca, assim
como o desejo caminha para

o anseio de seus beijos, num
passeio em busca de teu
sexo... Oh! louca, escancara
teu riso, teus olhos, para o nexo

infinito, afinal, num zoom
total de amor, dor, promissor
de mundos e mãos, na paz
que em mim, inconsútil, se desfaz.




28.7.94

2 de nov. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 28


(Guennadi Ulibin)




Escuta



Escuta os teus demônios - diz-me
a voz que trago em mim - não são
luminares, mas escuta-os.
Negrejam os caminhos quando,
distraído, não os ouves. Deixa
que dissipem o teu pranto
e sufoquem com suas vozes a tua queixa.

Naufraga o teu snnho, se
teimoso, não ousas
seguir-lhes os conselhos.
As vozes (de teus demônios) escondem
a sabedoria dos que se foram
e a experiência dos mais velhos.

Para, para a tua vida por um instante,
antes que do distante
visitante recebas a admoestação mais vil.
Urge o tempo. Do fundo das fundas eras
o tropel dos séculos transforma em cinza
todas, todas as tuas primaveras.



15.7.94