21 de abr. de 2011

CAMINHOS




(Cézanne - Pissarro, casario)





Gosto dos caminhos
que parecem não ter fim,
ao se perderem no horizonte.
Como a vida, são enganosos,
e a nossos olhos encantam,
porque, como a vida,
são caminhos que se acabam
não na curva do horizonte,
mas logo ali,
no declive da montanha.




18.4.2011

17 de abr. de 2011

PASSOS

(Cézanne)



Os passos que traço tropegamente
pela vida
deixam a semente
de minhas dúvidas. A descida
da ladeira é penosa e lenta,
como lenta e penosamente tem sido erguida
cada uma de minhas barreiras
contra a morte. Não, não há sorte
nem flores nas pirambeiras
que evitei, enquanto caminhava.
Se, às vezes, deixava
que me levassem os rios
é porque, entre vales e desvios,
caindo por cachoeiras,
com o pensamento quase sempre louco e vago,
minhas corredeiras terminavam
num vasto e escuro lago.
Sou, agora, o resultado de meus passos.
Sem bússola, acolho os abraços
- poucos – que ainda me restam. E busco,
quando paro e descanso ao lusco-fusco
de mais um dia,
achar um guia, um norte
para minha vida vazia,
antes que me alcance a morte.




15.4.2011