7 de fev. de 2025

eu poeta solitário

 





eu poeta solitário

não escrevo poemas de protesto

não escrevo poemas de amor

não escrevo poemas confessionais

- escrevo poemas



sei que sou andorinha

que não faz verão nenhum

porque não me ligo a [nem ligo para]

qualquer modernismo

nem qualquer classicismo

ou qualquer ismo



poeto-me a cada instante

o instante de poetar



não brigo com musas

nem as abraço ou bajulo

leve

livre

solto

solto meus pretensos poemas

para mim mesmo

[como desabafo]

e para quem os quiser ler



foco o meu tempo

no tempo de agora

não desprezo o passado

e até o visito constantemente

nem anseio por futuros que não terei



cumpro a sina de escrever

talvez o que nem todos consigam entender

não me importa que por moto próprio ou alheio

fique anônimo e desconhecido permaneça



não têm fortuna os meus versos

não têm pretensões os meus sonhos loucos

assino cada palavra que teclo na tela do computador

com o compromisso de não me vender



sim – sou de esquerda como qualquer anjo torto

minhas asas de ícaro não temem a queda

nem buscam sóis inalcançáveis

- o oceano da literatura é onde mergulho

e onde nado do jeito que posso

apenas o poeta solitário

a escrever nos poemas tortos

a torta filosofia que me dá na telha





11.11.2024

(Ilustração: foto da internet; autoria não identificada)



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