eu poeta solitário
não escrevo poemas de protesto
não escrevo poemas de amor
não escrevo poemas confessionais
- escrevo poemas
sei que sou andorinha
que não faz verão nenhum
porque não me ligo a [nem ligo para]
qualquer modernismo
nem qualquer classicismo
ou qualquer ismo
poeto-me a cada instante
o instante de poetar
não brigo com musas
nem as abraço ou bajulo
leve
livre
solto
solto meus pretensos poemas
para mim mesmo
[como desabafo]
e para quem os quiser ler
foco o meu tempo
no tempo de agora
não desprezo o passado
e até o visito constantemente
nem anseio por futuros que não terei
cumpro a sina de escrever
talvez o que nem todos consigam entender
não me importa que por moto próprio ou alheio
fique anônimo e desconhecido permaneça
não têm fortuna os meus versos
não têm pretensões os meus sonhos loucos
assino cada palavra que teclo na tela do computador
com o compromisso de não me vender
sim – sou de esquerda como qualquer anjo torto
minhas asas de ícaro não temem a queda
nem buscam sóis inalcançáveis
- o oceano da literatura é onde mergulho
e onde nado do jeito que posso
apenas o poeta solitário
a escrever nos poemas tortos
a torta filosofia que me dá na telha
11.11.2024
(Ilustração: foto da internet; autoria não identificada)
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