quando os
lábios que
beijavam
outros lábios
beijam agora
o vento
e fecham-se ao
silêncio de
uma noite sem luar
bate no peito um
frêmito
de passos ocos
de fantasmas que
caminham por
estradas de
pedras toscas
sem olhar
para trás
[proibido o retorno]
só o abismo e a solidão do abismo
e então
onde
tudo que era
cor e luz
para os
beijos
de lábios rubros
vira o beco onde
se agrupam mais
e mais
os fantasmas
- abantesmas tresloucados
a rugir à lua
a quebrar o
ruído dos
passos ocos
nos dentes
de fera
o desejo morto
insepulto
que
não
devia
nunca
ter
ressurgido
ao grunhido
do vento
à luz
da lua
para sempre
morta morta morta
28.11.2025
(Ilustração: Odile de Schwilgué: lune et mars)


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