24 de mar. de 2009

tempero maligno





(Laura Lima)






...sedas e arminhos, não sei mais suave o sabor de seus seios, não sei, o louco anseio de tocá-la, sem meio, sem fim, sem pejo, sedas os seios, o dorso, a montanhosa geografia do prazer, a bunda, o rio, o lago e entre as colunas o arminho suavemente loiro, suavemente essência, perfumes do oriente, madeira, o suave enrijecimento ao toque, essências de culinárias exógenas, estranhas, sabores, sabores de trigo ao amanhecer, você, inteira ali, nesses entrevales e rios, você a abrir manhãs de sol e chuva, cheiro de terra, você, doce amanhecer de variados sabores e variadas cores, sabiás, curruíras, bem-te-vis, sonhos cobertos de canela e açúcar, laranja doce em calda, veneno em minha boca, de prazer, em temperos do oriente, arminho adocicado em fervuras de caldas, doce o seu enleio, aperta-me, aperta-me até o fim, o sonho enfim, o sonho, louco, sem empecilhos a cavalgada em nuvens e neves, prometa-me, prometa-me o caminho sem pedras, o alçar suave da montanha, amada minha, o tom e o toque de operetas e sinfonias de outono, primaveras despetaladas em rugosidades de arminho, o ponto exato de seu imenso lamento para dentro de mim, enfim, você inteira cravo bem temperado à luz de minhas pupilas, o caminho para a vida para sempre perdido entre vales e montanhas que sobem longilíneas colunas até o paraíso, o cheiro, o cheiro de madrugadas e madrigais, o cheiro adocicado de seus líquidos e liquens, algas marinhas nuvens, nuvens de algodão doce, onde me perderei para sempre, para sempre, no tempero maligno e infernal de seus arroubos...



21.8.2006

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