Repugnam-me os miasmas da metafísica,
fantasmas que ainda assombram a mente
dos homens. Renego a semente maldita
de platônicas elucubrações de semi-ideias
em completa e infinita destruição da lógica:
quero apenas a concretude natural do mundo.
Criação implica criador e disso resulta todo o mal
do mundo. Cuspo o nome dos deuses de todas
as crenças na poeira da estrada que leva às estrelas.
Não existem almas à beira do caminho, mesmo que
insistam em vê-las todos os fanáticos do nada.
O campo está minado
quando a lógica da natureza
se submete a Aristóteles ou a Platão - mortos
insepultos nas piras dos templos, fogos-fátuos
de dois mil e quinhentos anos. Apaguemo-los.
Duraram demais. Falaram demais pelas bocas
de profetas e pregadores - e hoje devem voltar
para o fundo dos mares gregos, como as galeras
de todos os conquistadores que mentiram
sobre a infinitude do homem. Que reste apenas
a pedra - não de Pedro - mas da boa e velha
solidão da Terra a vagar no espaço infinito,
sem miasmas de merdas metafísicas.
Joinville, madrugada de
6/10/2012.
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