1 de abr. de 2024

cultivo a minha solidão

 


cultivo a minha solidão como frágil flor na rachadura do muro nascida


pronta – sempre – para alargar o seu espaço até se tornar árvore

mesmo à pouca chuva sujeita

mesmo contra o sol radiante

mesmo contra a lagarta faminta

cultivo-a sempre assim ao meu peito arraigada – planta daninha

que me fortalece ao tempo que me suga momentos de vida



seja a minha solidão como a eterna companheira

que – mesmo arrancada de vez em quando – renasce sempre

quando preciso de mim mesmo no meu desconsolo de viver



24.4.2020

(Ilustração: Alméry Lobel-Riche (1880-1950): Le Bord du Lac - 1900)

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