cultivo a minha solidão como frágil flor na rachadura do muro nascida
pronta – sempre – para alargar o seu espaço até se tornar árvore
mesmo à pouca chuva sujeita
mesmo contra o sol radiante
mesmo contra a lagarta faminta
cultivo-a sempre assim ao meu peito arraigada – planta daninha
que me fortalece ao tempo que me suga momentos de vida
seja a minha solidão como a eterna companheira
que – mesmo arrancada de vez em quando – renasce sempre
quando preciso de mim mesmo no meu desconsolo de viver
24.4.2020
(Ilustração: Alméry Lobel-Riche (1880-1950): Le Bord du Lac - 1900)
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