Ah senhores, senhores da internet
Buscai o meu amado
Buscai-o por este vasto mundo
Perdido está o meu amado
Onde estará? Onde?
Ai senhores, senhores dos bites e bytes
Mandai notícias de meu homem
Dizem que hoje ninguém mais some
Neste vasto mundo de redes sociais
Onde estará ele? Onde?
Ai senhores, senhores das redes neurais
Dizei-me vós em qual porto,
em qual porto se esconde o meu amado?
Londres, Roma, Amsterdam?
Estará ele ainda vivo ou já morto?
Ai senhores, dai conta de meu amado
Não deixeis para amanhã
Buscai hoje o meu amado
Que nosso filho completa já seis meses
E ele não cumpriu o que foi tratado.
Ai senhores, senhores de todas as redes
Se o filho é meu é dele também
Precisa ser pela lei reconhecido e registrado
Pois foi esse entre nós o combinado.
Onde, onde está o meu amado?
- Embarcou ontem mesmo da Austrália
Para destino ignorado
Num navio petroleiro pirateado
Perdido está pelo oceano imenso
Não temos mais como rastrear
Seu celular está suspenso
Em todas as redes de telefonia
Ai senhores, senhores de todos os saberes
O que será de nosso filho sem futuro
Não tenho na vida mais prazeres
Que não seja pensar no meu amado
Que maus ventos não o prendam
Para sempre num rumo mal traçado
Não tem mais crédito meu celular
E só lhes posso escrever nessa tela
mais uma única palavra – obrigado!
Ai, flores, ai flores do verde pinho.
Se sabeis novas de meu amado,
Ai, meus deuses, onde ele está?
14.6.2024
(Ilustração: Alyssa Monks)
Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, ISAIAS EDSON SIDNEY, nos seguintes endereços:
- podcast:
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