numa manhã de janeiro
(o ano não importa)
juntamente com meu companheiro
um irmão quase gêmeo de meus desenganos
dois caipiras na grande cidade
com poucos rumos a trilhar
somente na bagagem a vontade
de viver
de trabalhar
de estudar
passamos – como sempre acontece
com quem aqui chega e nada conhece –
perrengues mil e muita dificuldade
só não passamos fome porque achamos emprego
e eu até entrei na faculdade
se foi difícil esse engatinhar
não tem sido fácil aqui continuar
meu companheiro de nascimento
cresceu asas e voou logo para outras plagas
e eu aqui vivo e não sei
se entre mais alegrias do que sofrimento
lambendo minhas crias e minhas chagas
daquela manhã distante de janeiro
- quando aos 20 anos aqui nasci –
guardo na retina o instante primeiro
quando esta cidade eu vi
se com ela durante anos e anos cresci
não posso deixar de dizer
que apesar de tudo não sei viver
longe da são paulo em que aos 20 anos nasci
lambendo minhas crias e minhas chagas
daquela manhã distante de janeiro
- quando aos 20 anos aqui nasci –
guardo na retina o instante primeiro
quando esta cidade eu vi
se com ela durante anos e anos cresci
não posso deixar de dizer
que apesar de tudo não sei viver
longe da são paulo em que aos 20 anos nasci
8.7.2025
(Ilustração: São Paulo, Avenida São João, c. 1965)
Nenhum comentário:
Postar um comentário