pequenas coisas que eles nos tiraram e pelas quais choramos
– a nesga de céu que ficou atrás de mais um prédio
– o arrulhar da rolinha – sem a árvore para o ninho
– a calma do entardecer – engolido pelas buzinas
– o sono e os sonhos entre estrelas – pelas luzes esmaecidas
– e até o tempo de esperar por um amor com uma flor nos lábios
são essas e muitas outras pequenas coisas que eles nos tiraram
e tão sutilmente o fizeram que nem percebemos
e quando nos demos conta por elas choramos e nos entristecemos
e enquanto choramos e nos entristecemos pelas pequenas coisas que perdemos
não nos demos conta – oh! humanos sem memória! – destas que nos tiraram
– igualdade
– justiça
– liberdade
e outras tantas e tão grandes que há tanto tempo já eles nos surrupiaram
que de grandes ficaram pequenas no rio de nosso esquecimento
13.8.2025
(Ilustração: escultura de Albert György)
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