12 de jun. de 2016

penso em endívias




penso em endívias

ao acordar no meio da noite

de um pesadelo famélico




penso em endívias

como poderia pensar em pedras

no meio do caminho




penso em endívias

como solução para meus

desesperos e tristezas




talvez ninguém possa

imaginar o que passo

nem o sonho sonhado

nem o sonho angustiado

enrolado

apertado

o peito em chamas




se penso em endívias

é porque meu cérebro

está de repente em palpos de aranhas

buscando o que

talvez nem saiba bem

se a felicidade

se a esperança

se a vontade de que

tudo acabe em endívias ao jantar

com vinho branco à mesa




são estranhos os caminhos

são absurdos os destinos

são excludentes as esperanças

não creio em nada

somente em endívias

servidas com patê de queijo

e vinho branco

como alívio àquilo

que alívio não tem

é só isso

só isso

isso apenas

endívias

e nada mais

nada

nada

nada

mais


26.5.2016

(Ilustração: Jeffrey T. Larson - Endive)


Ouça esse poema na voz do autor, ISAIAS EDSON SIDNEY, nos seguintes endereços:

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