não importa se a inércia do corpo
substantiva a inércia da morte
ou se a inércia do pensamento
verbaliza a inércia do corpo
apenas o que me adjetiva
é essa não vontade de movimento
uma nuvem sem vento no cume da montanha
adverbiando a pedra suspensa sobre o mar
dentro de mim o vácuo de espaços etéreos
veias vazias de volições pronominais
e o desejo escapando pelos labirintos
do rio não represado dos canais das conjunções
e a sensação de amores e humores que não mais virão
agora os corpos para sempre um hiato
subjugados no mesmo leito de águas mortas
não há mais vida sem o ardor
do sangue latejando para o gozo final
22.12.2021
(Ilustração: Lucian Freud:Berlim, 8.12.1922 - Londres, 20.7.2011)
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