24 de jun. de 2023

terra devastada

 



nos vales das lavras das montanhas mineiras

saem das pedras de grutas profundas o ouro e o minério de ferro

sangra a terra lavrada em dólares

dia e noite noite e dia pelas esteiras

que ligam as minas de minas às gargantas profundas

dos banqueiros de wall street



o ouro que brilha nos dentes de tio sam

vira o aço dos canhões de presidentes insanos

do poderoso irmão do norte

para espalhar por terras e mares

a dor

a pobreza

a morte



os vales mineiros de lavras abertas

que eram antes montanhas azuis

agora abrigam miasmas e fantasmas

de braços negros e olhos vazados



sob os pedregulhos das estradas vicinais

os passos trêfegos de históricos traidores e entreguistas

escrevem com sangue as palavras do poeta

minas não há mais



4.2.2022

(Ilustração: Fernando Botero)

Nenhum comentário:

Postar um comentário