nos vales das lavras das montanhas mineiras
saem das pedras de grutas profundas o ouro e o minério de ferro
sangra a terra lavrada em dólares
dia e noite noite e dia pelas esteiras
que ligam as minas de minas às gargantas profundas
dos banqueiros de wall street
o ouro que brilha nos dentes de tio sam
vira o aço dos canhões de presidentes insanos
do poderoso irmão do norte
para espalhar por terras e mares
a dor
a pobreza
a morte
os vales mineiros de lavras abertas
que eram antes montanhas azuis
agora abrigam miasmas e fantasmas
de braços negros e olhos vazados
sob os pedregulhos das estradas vicinais
os passos trêfegos de históricos traidores e entreguistas
escrevem com sangue as palavras do poeta
minas não há mais
4.2.2022
(Ilustração: Fernando Botero)
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