ofereces-me tua nudez de longilíneas formas
colho através delas o meu encanto de extremos
na busca de mim mesmo pelas tuas curvas
ao encontro das águas profundas de minha paz não desejada
o teu repouso em carne e opróbrio abre meus sentidos para
a poesia
és musa de versos que talvez não te mereçam
evoco nas tuas formas os passos perdidos por caminhos
penosos de areia e pedra
quanto te abres aos meus desejos
o grito da vida ecoa como num quadro de edvard munch
e agoniza em pranto nas asas do pássaro de ontem
quando a flor tesa ainda buscava o céu orvalhada de
beijos e espasmos
tu eras o pólen no bico do beija-flor
oh! como ouso ainda contemplar com meus olhos baços
essa nudez de longilíneas formas que me ofereces?
25.12.2021
(Ilustração: Edvard Munch - Hands, 1894
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