queria poder ainda contemplar a lua cheia
o luar refletido nos frutos da jabuticabeira
ouvir o cricri dos grilos no meio do mato
o pio longínquo de uma coruja solitária
o pisar macio do lobisomem na grama do jardim
a estática do rádio ligado em ondas curtas
a serenata distante de um cantor desafinado
o ranger insone da cama patente
as badaladas do sino triste da matriz
[talvez o adeus a mais um velho centenário
da para sempre velha cidade adormecida]
e tudo quanto tenho de meu neste momento
são os sonhos que um dia ficarão pela poeira da estrada
numa outra noite de lua cheia perdida no passado
6.12.2024
(Ilustração: Lavras/MG - foto de Rerold Ribeiro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário