diz o sábio que só sabe
que nada sabe
finge o poeta a dor sentida
e são ambos – filósofo e poeta –
dois fingidores da realidade
em busca do que há de mistério
entre o céu e a terra
todo o mistério que há na vida
numa palavra se encerra
mas essa palavra está perdida
nas cinzas do tempo e dos vulcões
e não há qualquer possibilidade
de que sábio ou poeta a encontrem
morrem ambos em derrisões e veleidade
– solitários e ignaros seres humanos –
como todos os demais seres humanos
que não são sábios nem poetas
não sonham sonhos profanos
nem têm ambições de estetas
só com o saber que nada sabe
só com o fingir da dor que sente
poderá a vida – o mistério total –
ser enfim vivida
pelo sábio e pelo poeta
num planeta onde não haja
nem o bem nem o mal
[será humano
demasiado humano
apenas o saber que nada se sabe
e sentir o verso de emoção sempre fingida]
12.1.2025
(Ilustração: Piet Mondrian - Composition with Red
Yellow and Blue: 1935-1942)
Nenhum comentário:
Postar um comentário