sou eu a miar à toa como os gatos vadios
faminto e abandonado cão sabujo
sou eu a remexer os sacos do lixo mais sujo
como um caronte sem rumo e desesperado
sou eu a pescar no rio podre o peixe envenenado
como um anjo azul de asas transparentes
sou eu a beijar a boca da puta sem dentes
esse mergulho na noite que há dentro de mim
só depende de que não encontre o fim
no entorno da madrugada na cidade perdida
onde o sol não nasce nem cura a ferida
que abriu dentro de meu peito estas duas partes
- um sonho inútil e a tola esperança de que as artes
que cães e gatos vadios usam para sobreviver
possam fazer minha vontade de vida renascer
17.12.2023
(Ilustração: Max Rovira - Coeur dans la nuit)
- no YouTube
- no podcast do Spotfy:
https://open.spotify.com/episode/17NbujuNyf30WONFFSkoLG?si=3OKHk_2jT-eOUSHKEX1ppw
Salve, Isaías!
ResponderExcluirElogiar seus poemas já se tornou pleonasmo.
Parabéns.
Qualquer hora nos falaremos.
Abraço.