29 de abr. de 2025

quando eu morrer (adendo)

 



quando eu morrer

que espalhem minhas cinzas

ao vento da tarde

ao pé de uma árvore – uma jabuticabeira talvez –

que ao pó voltarei

porque do pó sou e somos todos feitos

– uma das poucas verdades bíblicas –

pois tudo quanto quero é que por mim

ninguém se lamente nem reze

nem maldiga o quer que tenha feito

– esqueçam-me – é tudo quanto peço

esqueçam-me

– a vida é apenas a chama de uma vela

que um dia se extinguiu e nada – nada mais

[fique talvez um ou outro verso – talvez –

porém nem com isso eu me importarei

já que estarei morto e serei pó e chama extinta]



29.11.2024

(Ilustração: Pablo Picasso - nature morte aux oursins, 1946)

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