quando eu morrer
que espalhem minhas cinzas
ao vento da tarde
ao pé de uma árvore – uma jabuticabeira talvez –
que ao pó voltarei
porque do pó sou e somos todos feitos
– uma das poucas verdades bíblicas –
pois tudo quanto quero é que por mim
ninguém se lamente nem reze
nem maldiga o quer que tenha feito
– esqueçam-me – é tudo quanto peço
esqueçam-me
– a vida é apenas a chama de uma vela
que um dia se extinguiu e nada – nada mais
[fique talvez um ou outro verso – talvez –
porém nem com isso eu me importarei
já que estarei morto e serei pó e chama extinta]
29.11.2024
(Ilustração: Pablo Picasso - nature morte aux oursins, 1946)
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