o gato dorme ao pé da cama
a noite esfria e o sono não vem
não há nenhum sonho à vista
– só o silêncio
e o lento bater do coração
a cidade rosna o seu sono agitado
minha mente não tem sonhos
apenas pensa e repensa escolhas da vida
pela janela a lua – o luar – o silêncio
a nuvem que passa sombreia a lua
e da sombra
ressurge o passado
que me assombra
- uns olhos frios perdidos no tempo
apunhalam
mais uma vez e muitas vezes
o coração que agora bate
no mesmo ritmo do ronronar da cidade
- o gato acorda – se estica – e dorme de novo
(não o coração)
- no peito para sempre a sombra da saudade
17.10.2024
(Ilustração: Oscar Dominguez, 1957)
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