6 de ago. de 2025

cançoneta noturna




o gato dorme ao pé da cama

a noite esfria e o sono não vem

não há nenhum sonho à vista

– só o silêncio

e o lento bater do coração



a cidade rosna o seu sono agitado

minha mente não tem sonhos

apenas pensa e repensa escolhas da vida



pela janela a lua – o luar – o silêncio

a nuvem que passa sombreia a lua

e da sombra

ressurge o passado

que me assombra

- uns olhos frios perdidos no tempo

apunhalam

mais uma vez e muitas vezes

o coração que agora bate

no mesmo ritmo do ronronar da cidade



- o gato acorda – se estica – e dorme de novo

(não o coração)

- no peito para sempre a sombra da saudade



17.10.2024

(Ilustração: Oscar Dominguez, 1957)




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