se sinto o cheiro de terra molhada
depois de tanto tempo de estio
retorno à minha vida passada
quando - como um gato vadio -
miava pela rua quando chovia
o futuro estava numa história mal contada
ou na tela de um cinema já demolido
- ficções para caminhos que mal pressentia
se as nuvens vertiam águas represadas
represavam meus olhos as lágrimas sentidas
para o tempo depois do estio de minhas vidas
entre pedras e espinhos de longas jornadas
na geometria confusa dos trilhos das gerais
hoje – quando o cheiro de solo umedecido –
invade meus sentidos – lamento o tempo perdido
e sofro – sofro por não ter uma só lagrima a mais
14.3.2025
(Ilustração: Eric Lacombe - dark abstract portraits)
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