21 de ago. de 2025

cheiro de terra





se sinto o cheiro de terra molhada

depois de tanto tempo de estio

retorno à minha vida passada

quando - como um gato vadio -

miava pela rua quando chovia



o futuro estava numa história mal contada

ou na tela de um cinema já demolido

- ficções para caminhos que mal pressentia



se as nuvens vertiam águas represadas

represavam meus olhos as lágrimas sentidas

para o tempo depois do estio de minhas vidas

entre pedras e espinhos de longas jornadas

na geometria confusa dos trilhos das gerais



hoje – quando o cheiro de solo umedecido –

invade meus sentidos – lamento o tempo perdido

e sofro – sofro por não ter uma só lagrima a mais




14.3.2025

(Ilustração: Eric Lacombe - dark abstract portraits)

Nenhum comentário:

Postar um comentário