3 de out. de 2025

sombras





na tarde quente

pela calçada

desfilam sombras

– somente sombras –



os corpos rijos

estão deitados

em suas tumbas

– só suas sombras –

passeiam lépidas

pela calçada

na tarde quente



as longas sombras

ao lusco-fusco

já quase noite

tarde morrendo



no claro-escuro

as sombras longas

passeiam leves

na tarde morna



os corpos duros

de ossos brancos

deixaram lá

no cemitério



caminham – sombras –

com asas ágeis

de alegres pássaros

no claro-escuro

da tarde fria



lépidas sombras

nos ares fluidas

dançam às vezes

trançando brisa

na noite morna



corpos de nada

apenas sombras

que deixam no ar

doces rabiscos

acres saudades

na noite quente



28.1.2024

(Ilustração: Mia Mäkilä)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário