na tarde quente
pela calçada
desfilam sombras
– somente sombras –
os corpos rijos
estão deitados
em suas tumbas
– só suas sombras –
passeiam lépidas
pela calçada
na tarde quente
as longas sombras
ao lusco-fusco
já quase noite
tarde morrendo
no claro-escuro
as sombras longas
passeiam leves
na tarde morna
os corpos duros
de ossos brancos
deixaram lá
no cemitério
caminham – sombras –
com asas ágeis
de alegres pássaros
no claro-escuro
da tarde fria
lépidas sombras
nos ares fluidas
dançam às vezes
trançando brisa
na noite morna
corpos de nada
apenas sombras
que deixam no ar
doces rabiscos
acres saudades
na noite quente
28.1.2024
(Ilustração: Mia Mäkilä)
Nenhum comentário:
Postar um comentário