quando o vento que vem da montanha
fala comigo
conta-me segredos de cidades desaparecidas
desvenda-me ravinas e voçorocas
inunda e fertiliza minha imaginação
com húmus despejados por cachoeiras escondidas
povoa meus ouvidos de cantos mágicos
da seriema e do uirapuru
traz sabores à minha boca
de frango com quiabo e angu
alumia meus olhos baços
com horizontes recortados
de morros que guardam os traços
de quinhentos anos de iniquidades
quando o vento que vem da montanha
fala comigo
traz lembranças de mel e lembranças de fel
momentos de dor e momentos de felicidades
mesmo assim
quando o vento que sopra da montanha
fala comigo
mata no meu peito todas as minhas saudades
9.2.2025
(Ilustração: escultura de Albert György)
Nenhum comentário:
Postar um comentário