4 de nov. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 17.Vida

 


(Max Švabinský,1918)


Sopro de leve os pelos

de teu púbis

e abro teus segredos.

Os lábios retêm teu grelo

e tu gemes baixinho.

De novo o sopro, de novo teus pelos

se arrepiam na breve aragem:

é só a vida gozando em minha boca.



3 de nov. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 16.Tempo

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2 de nov. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 15.Flor de maio

 


(André Lambert - 1884-1929)



Abriste-me teu corpo,

com todo o teu perfume,

com todo o teu orvalho,

por uma noite apenas,

apenas por uma noite.




1 de nov. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 14.Poemas de amor

 

(Lenkiewicz - 1978)



Que sejam breves

os poemas de amor.

Breves como o leve

espasmo

de teu corpo,

meu amor, na hora

do orgasmo.





31 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 13.Pressa

 

(Paul Émile Becat)



Dispo-te em dois segundos

em louca ânsia de amar.

No entanto, correste mundos

e fundos, para achar

a mais linda lingerie

que - desculpe, eu não vi –

pudesse me agradar.





30 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 12.ÚItimo

 

(Frida Castelli) 


Enquanto no banho te lavas,

Penso, louco por foder-te:

Vieste, puta, como as escravas,

Mas não é assim que quero ver-te:

Se por qualquer dinheiro me davas,

Quero, sim, ser o último a comer-te.



29 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 11.Atriz

 

(Erich von Gotha)


Na cama-palco em que atuas

fazes-me tu mais feliz

quando tuas ancas nuas

abrem-se nesta disputa

entre teus encantos de atriz

e o nobre destino de puta.


28 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 10.Cilícios

 

(Suzanne Ballivet)




A ti me entrego em holocausto,

na chama que nasce de teu vício.

É teu corpo em transe um fausto

que compensa o meu suplício.

Não te nego e tu não me negas:

mesmo quando aperto teus cilícios,

sou eu a morrer em mil entregas.






27 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 09.Intimidade

 

Luc Lafnet (les jeux du plaisir) 




Quero a intimidade da carne

sem nenhum pudor.

Por isso, teu pequeno botão

molho com muito charme

até abri-lo na mais bela flor.


26 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 08.Tesouro

 


Serpieri: Druuna


Fechado o ânus como um cofre,

há somente uma chave para abri-lo:

por isso, para entrar, o pau sofre,

faz seu dono perder um quilo

e precisa agir com toda a perícia.

Mas depois que entra – que delícia!


25 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 07.União


 

Graveurs libertins du XVIIIe siecle: Bartolomeo Pineli-Belli, Belli Penzieri



Vem, tu dizes,

meu corpo é chama.

E então somos felizes 

na mesma cama.




24 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 06. Apelo

 


Apollonia Saintclair




A teu apelo,

não nego fogo:

chupo teu grelo,

colho teu gozo.




23 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 05.Sim!

 

(Desenho vintage: autoria não identificada)

 


Mordo-te

o seio.

Gritas

que o gozo

já veio.



22 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 04.Fogo

 

André Lambert - the cabinet of the solar plexus



Fogo

Quero-te chama,

mesmo que molhes

minha cama.

21 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 03.Dolência

 


André Lambert-Seuils empourprés



Silêncio no quarto:

depois que me chupas,

sinto-me farto.

20 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 02.Fruta

 

André Lambert-Danseuse a la Coupe de Fruits


Tu, quando acabas,

tem teu gozo o gosto

de jabuticabas.

18 de out. de 2025

POEMAS FESCENINOS: 01.Língua

 



No amor,

quem

tem

língua

não morre

à míngua.



15 de out. de 2025

MAIS E MELHORES LIVROS E UMAS POUCAS DECEPÇÕES


Ler é a mais fantástica experiência do ser humano. Mesmo que se tenha ido à Lua ou alcançado as estrelas, somente a leitura pode transportar-nos ao infinito e fazer-nos viver incontáveis vidas e suas aventuras. Se a natureza dotou o cérebro humano para algo essencial, esse algo é a imaginação. E ler é levar a imaginação a potências inimagináveis.

Com uma arma na mão, o homem é uma besta. Com um livro, torna-se verdadeiramente humano.

O primeiro livro que li espontâneamente (não contam os livros de alfabetização ou lidos na escola) foi uma biografia de Dom Bosco. Nunca mais o esqueci. Despertou em mim a paixão pela verdade, através de tantas mentiras que contaram sobre a vida desse padre. Seus poderes extra-sensoriais me levaram a estudar religiões. E a Biblia foi lida do Gênese ao Apocalipse, ainda muito jovem. E o estudo das religiões me levou ao caminho lógico de quem busca a verdade: o ateísmo.

Aos catorze, na formatura do antigo ginásio, ganhei de meu padrinho uma obra-prima e a primeira decepção com a censura: Os Lusíadas. A princípío estranhei a numeração das estrofes: havia uma lacuna. Mais tarde, já na Faculdade de Letras, descobri: os padres da editora católica haviam suprimido, simplesmente, todo o canto IX, o banquete das ninfas, o encontro com as deusas nuas do paraíso imaginado por Camões como recompensa aos navegadores pela grande aventura.

A partir dos estudos de literatura, o melhor livro quase sempre era o que havia acabado de ler. Assim, mergulhei nos poetas, nos contistas, nos romancistas. E quando a poesia parecia esgotar-se, Portugal abria o baú de Pessoa. E quando o romance parecia ter chegado ao ápice, surgia um Rosa. E quando o conto parecia estrebuchar-se, caía-me nas mãos um J. J. Veiga.

Ainda hoje é um pouco assim. Com o tempo, a diversificação trouxe-me os robôs de Asimov e os pesadelos marcianos de Bradbury. Durrel me fez mergulhar na Alexandria de um Quarteto que podia virar novela e não ter fim. Lawrence compensou as ninfas de Camões e a decepção da cena de entrega de Júlio Ribeiro. Miller desvendou o mistério e tornou normal o que era absurdo. Garcia Márquez abriu a cartola para os mágicos da América. E Galeano detonou o paraíso, para abrir veias que sangraram. E vieram tantos e tantos: Balzac le roi, Joyce the king, Cervantes el rey... Tantas eras, tantos momentos, tantas letras. Ah! os malditos, aqules que poucos leram e muitos comentaram! Também eles povoaram meus sonhos, minhas caminhadas, meus deslumbramentos.

Decepções? Poucas, na verdade. As maiores foram, sem dúvida, os chamados livros sagrados: a Bíblia e o Corão. Porque, mesmo os que tinham uma visão soturna da sociedade, mesmo os que se infiltravam na minha mente para tentar impor conservadorismos e quejandos, mesmos esses tiveram seu momento, abriram meus olhos. Para exemplificar uma decepção menor, o grande Saramago: fiquei pensando por que um ateu, como ele, se prestou a escrever uma bobagem como o Evangelho segundo Jesus Cristo? Queria o quê? Convencer-nos de que o Cristo é humano? Isso é dar lenha para a fogueira papista. Consegui, a duras penas, chegar à página cem. E aí empaquei. Joguei para o lado. Mas não dispenso outras tentativas com o português, não.

Enfim, ler de tudo, sempre. Porque ler é representar para nós mesmos todos os papéis que o imenso teatro da vida nos propõe. Não há, efetivamente, melhor função para nosso cérebro que viajar através dos mundos que povoam as páginas dos livros.



1.6.2007

(Ilustração: Adrien Jean Le Mayeur de Merprès - 1880 – 1958;  

Belgian painter who lived in Bali)


12 de out. de 2025

vento da montanha

 



quando o vento que vem da montanha

fala comigo

conta-me segredos de cidades desaparecidas

desvenda-me ravinas e voçorocas

inunda e fertiliza minha imaginação

com húmus despejados por cachoeiras escondidas

povoa meus ouvidos de cantos mágicos

da seriema e do uirapuru

traz sabores à minha boca

de frango com quiabo e angu

alumia meus olhos baços

com horizontes recortados

de morros que guardam os traços

de quinhentos anos de iniquidades



quando o vento que vem da montanha

fala comigo

traz lembranças de mel e lembranças de fel

momentos de dor e momentos de felicidades



mesmo assim

quando o vento que sopra da montanha

fala comigo

mata no meu peito todas as minhas saudades





9.2.2025

(Ilustração: escultura de Albert György)

9 de out. de 2025

Uma noite, um gato

 


– Enrodilhe-se e durma!

Disse ao gato.

Theo, o gato, enrodilhou-se e dormiu.

Entre as minhas pernas.

Sobre mim o silêncio da noite

– Até o ronronar do dia.



26.9.2025

(Ilustração: Darya Veretshagina - magic cat)