(A. não identificado)
Miragens do deserto do pensamento humano:
os deuses bailam no horizonte.
Fiel à aura de superpoderoso,
o deus dos cristãos baila uma salsa,
enquanto empurra Maomé e os profetas
para debaixo de sua saia.
Os demais, júpiter à frente, tentam, desesperados,
um lugar na mente entorpecida pelo calor,
derretida pelos ventos, do caminheiro do deserto.
O caminheiro do deserto, no entanto, ajoelha-se,
depois se curva até o solo, o sol nas nádegas,
o vento no ouvido, a boca seca,
e pragueja contra tantos deuses a competir
pela sua semiconsciência.
O pensamento vaga em sonho.
O deus cristão não se contém e chuta a bunda do peregrino.
Maomé imita cachorro sob o seu manto
enquanto morde a perna de um dos profetas.
A areia do deserto queima e absorve
a urina quente de jeová, enquanto alá treme
de ódio e dor, com a bunda queimada pela sol.
São miragens do pensamento humano,
são miragens no deserto do pensamento humano.
Deuses antigos e deuses novos, todos tronchos e loucos,
a ferver de angústia e dor nas trevas da inconsciência.
Pedem profetas, alguns profetas a mais, para salvar
do calor do deserto suas palavras ocas.
Mas, não há mais profetas, estão todos mortos,
mortos e enterrados no deserto, ainda que
também deserta, a consciência humana pragueje
contra tantos anos de escravidão.
28.2.2007
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