2 de abr. de 2009

os profetas

(A. não identificado)






Miragens do deserto do pensamento humano:

os deuses bailam no horizonte.

Fiel à aura de superpoderoso,

o deus dos cristãos baila uma salsa,

enquanto empurra Maomé e os profetas

para debaixo de sua saia.

Os demais, júpiter à frente, tentam, desesperados,

um lugar na mente entorpecida pelo calor,

derretida pelos ventos, do caminheiro do deserto.


O caminheiro do deserto, no entanto, ajoelha-se,

depois se curva até o solo, o sol nas nádegas,

o vento no ouvido, a boca seca,

e pragueja contra tantos deuses a competir

pela sua semiconsciência.


O pensamento vaga em sonho.

O deus cristão não se contém e chuta a bunda do peregrino.

Maomé imita cachorro sob o seu manto

enquanto morde a perna de um dos profetas.

A areia do deserto queima e absorve

a urina quente de jeová, enquanto alá treme

de ódio e dor, com a bunda queimada pela sol.


São miragens do pensamento humano,

são miragens no deserto do pensamento humano.


Deuses antigos e deuses novos, todos tronchos e loucos,

a ferver de angústia e dor nas trevas da inconsciência.

Pedem profetas, alguns profetas a mais, para salvar

do calor do deserto suas palavras ocas.

Mas, não há mais profetas, estão todos mortos,

mortos e enterrados no deserto, ainda que

também deserta, a consciência humana pragueje

contra tantos anos de escravidão.





28.2.2007

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