(Rafael - as três graças)
♣
te amo a estética
esquelética
o recomposto hímen
macerada virgem
cristal de lábios
siliconado seio
côncavo
(a estocadas de agulhas)
a convexa curva
do abdômen
calipígea vênus
ao bisturi esculpida
te amo a estética
turbinada em ondas
de raios gama
virgem sempre
ao meu toque
apenas mulher
18.1.99
♣
de ti não me desgosto
à dura carne
de sabor duvidoso
em ti não me desgraço
ao doce sabor
de palavras inúteis
és o fruto
do teu próprio sonho
e contigo eu sonho
a esculpir com as mãos
em seda e arminho
o falso corpo
que teu corpo sonha
19.1.99
♣
de ti escorre
a teus olhos múltis
em cascatas pétreas
a vida em mel
dulcíssima: sabes às estrelas
porque sabes à luz
de ti estrelas fogem
cometa que és
matas com tua cauda em gelo
cada esconso negror
que meu ser constrói
de teus pétreos olhos
o mel apenas sabe
à espera inútil
19.1.99
♣
corça ou peixe
gazeteias a vida
às ondas de teu andar
mágicas as ancas
de ondeios e requebros
mágicas as coxas
em esguio marear
suavidades de sombras
nas leves
lívidas
pegadas:
cavidades buscadas
do meu olhar
ondeias corça
como ondeia o mar
caminhas peixe
como zumbe o vento
enquanto corre em luz
o pranto meu
e pranteias a vida
que roubas de mim
19.1.99
♣
colaste teu cheiro
no meu espanto
bebeste teu enleio
no meu quebranto
serpenteias como o Nilo
em dias de cheia
derramas-te cascata
em noites de lua
és apenas aquela
que um dia foi
a esperada
19.1.99
♣
mortífero veneno
o teu seio
túmulo fatal
o teu monte sagrado
vis mortais
ali um dia
tornaram-se deuses
19.1.99
♣
na cruz suástica
das tuas pernas
escondes gozos
escondes fogos
debruças em riso
enquanto queimam
ardores fátuos
de mil escravos
de teus enclaves
e a cruz suástica
de tuas pernas
queima cristos
e não cristãos
19.1.99
♣
queres-te planta
a vergar ao vento
querem-te riacho
a moldar a terra
a fazer caminhos
enquanto ondeias
queres-te felina
em gozo livre
querem-te brisa
de sutil enleio
a cruzar o campo
a soprar o pólen
queres-te flecha
apenas ágil
querem-te terra
a queimar em brasa
oleira apenas
de alheias casas
quero-te apenas
para morrer
em gozo nos teus
montes e vales
teu dedo em riste
flecha a angústia
dos meus desejos
teus dedos longilínea estrada
abrem picadas de arte e força
enquanto sigo o rastro aéreo
com vagos olhos de sonhos loucos
teus todos dedos
rasgam peles
desnudam furores
esgotam seivas
traduzem espantos
negam prazeres
matam desejos
quero-te onça
a gemer à lua
faço-te pranto
a jorrar em flor
de teu ventre aberto
apenas escorra
o meu veneno
luz em pedra
refletida
seixo ao rio
deslavado
não tem sombras
o teu riso
não viram águas
os teus olhos
raio apenas
- não mais -
feres e foges
ao infinito
cobra coleias como
qebrantos quedos
em colchas de seda
suave a seiva
a escorrer perene
entre coxas
colunas semoventes
cadeias de seda
escorre o gozo
e no gozo matas
quanto te vi
a jiboiar ao sol
quanto te vi
a colear ao vento
quanto te vi
a espreitar a presa
quanto te vi
artimanhas sabidas
inúteis ao
beijo fatal
de quando te vi
não te alucina
o tempo que urge
apenas esculpes
o corpo que anseias
não te empobrecem
os anos corridos
apenas te desculpas
aos pobres mortais
bela: ao tempo
respondes com teu
veneno riso
corrompido o tempo
a deixar-te ao largo
serpenteias rio
cavalgas raio
amazona
guerreias ao vento
e deixas rastros
corpos frangalhos
rotos os rostos
na sala de ex-votos
predadora: do teu seio
mel e sonho
são sonhos de presa
garras os teus dedos
morte as tuas presas
gozos os teus montes
estrelas os teus olhos
com mel e sonho
vênus líquida e venial
vai-te a ti mesma
a consumir no gozo
todos os mortais
ver-te significa
não mais esquecer
transformas em posse
o olho que te contempla
desmembras os sonhos
em telas travadas
de computador
navegas na web
no seio um byte
no ventre um site
e entras à noite
vampira de luz
ver-te significa
perder a esperança
pelas ruas te
seguem os
olhos de
mil desejos
pelas ruas te
tornas os
enigmas de
mil esperas
pelas ruas me
matas os
tempos de
mil espasmos
na igreja o deus
à cruz atado
dobra em dor
as pernas frias
na cama as tuas
pernas em cruz
dobras em gozo
de louco amor
deus e deusa ambos
goza ele em loucos delírios
sofres tu em orgasmos de louca
redimem assim a humanidade
água e fogo
fogo e terra
terra e ar
ar e gozo
vitais em ti
todos os
elementos
de teu ventre escorre
os santos óleos
da extrema-unção
de todos os desejos
último encanto
morada celeste
teu ventre
apenas a campa
de todos os prepúcios
há um tesouro
escondido
na fé que move
teu monte de vênus
há no entanto
ao sopé
cruzes que marcam
quantos tentaram
o teu gozo colher
apenas mulher
julgas-te ser
apenas mulher
julgam-te todos
escondes entanto
no medo de teus meandros
a ordem final
o gozo fatal
calipígia vênus
milenar anseio
deformas o espanto
contornas o pranto
escondes no manto
esconsos segredos
mantras formas
cristais de marinhas águas
canais de estranhas mágoas
formas com formas
disformes farturas
compões o espaço
ondeias o traço
de famélicas danças
e fazes de ti
a forma a estética o desejo
perfeita
mortal
total
a fazer caminhos
enquanto ondeias
queres-te felina
em gozo livre
querem-te brisa
de sutil enleio
a cruzar o campo
a soprar o pólen
queres-te flecha
apenas ágil
querem-te terra
a queimar em brasa
oleira apenas
de alheias casas
quero-te apenas
para morrer
em gozo nos teus
montes e vales
2.2.99
♣
teu dedo em riste
flecha a angústia
dos meus desejos
teus dedos longilínea estrada
abrem picadas de arte e força
enquanto sigo o rastro aéreo
com vagos olhos de sonhos loucos
teus todos dedos
rasgam peles
desnudam furores
esgotam seivas
traduzem espantos
negam prazeres
matam desejos
2.2.99
♣
quero-te onça
a gemer à lua
faço-te pranto
a jorrar em flor
de teu ventre aberto
apenas escorra
o meu veneno
2.2.99
♣
luz em pedra
refletida
seixo ao rio
deslavado
não tem sombras
o teu riso
não viram águas
os teus olhos
raio apenas
- não mais -
feres e foges
ao infinito
3.2.99
♣
cobra coleias como
qebrantos quedos
em colchas de seda
suave a seiva
a escorrer perene
entre coxas
colunas semoventes
cadeias de seda
escorre o gozo
e no gozo matas
3.2.99
♣
quanto te vi
a jiboiar ao sol
quanto te vi
a colear ao vento
quanto te vi
a espreitar a presa
quanto te vi
artimanhas sabidas
inúteis ao
beijo fatal
de quando te vi
3.2.99
♣
não te alucina
o tempo que urge
apenas esculpes
o corpo que anseias
não te empobrecem
os anos corridos
apenas te desculpas
aos pobres mortais
bela: ao tempo
respondes com teu
veneno riso
3.2.99
♣
corrompido o tempo
a deixar-te ao largo
serpenteias rio
cavalgas raio
amazona
guerreias ao vento
e deixas rastros
corpos frangalhos
rotos os rostos
na sala de ex-votos
3.2.99
♣
predadora: do teu seio
mel e sonho
são sonhos de presa
garras os teus dedos
morte as tuas presas
gozos os teus montes
estrelas os teus olhos
com mel e sonho
vênus líquida e venial
vai-te a ti mesma
a consumir no gozo
todos os mortais
3.2.99
♣
ver-te significa
não mais esquecer
transformas em posse
o olho que te contempla
desmembras os sonhos
em telas travadas
de computador
navegas na web
no seio um byte
no ventre um site
e entras à noite
vampira de luz
ver-te significa
perder a esperança
4.2.99
♣
pelas ruas te
seguem os
olhos de
mil desejos
pelas ruas te
tornas os
enigmas de
mil esperas
pelas ruas me
matas os
tempos de
mil espasmos
9.2.99
♣
na igreja o deus
à cruz atado
dobra em dor
as pernas frias
na cama as tuas
pernas em cruz
dobras em gozo
de louco amor
deus e deusa ambos
goza ele em loucos delírios
sofres tu em orgasmos de louca
redimem assim a humanidade
9.2.99
♣
água e fogo
fogo e terra
terra e ar
ar e gozo
vitais em ti
todos os
elementos
9.2.99
♣
de teu ventre escorre
os santos óleos
da extrema-unção
de todos os desejos
último encanto
morada celeste
teu ventre
apenas a campa
de todos os prepúcios
9.2.99
♣
há um tesouro
escondido
na fé que move
teu monte de vênus
há no entanto
ao sopé
cruzes que marcam
quantos tentaram
o teu gozo colher
9.2.99
♣
apenas mulher
julgas-te ser
apenas mulher
julgam-te todos
escondes entanto
no medo de teus meandros
a ordem final
o gozo fatal
9.2.99
♣
calipígia vênus
milenar anseio
deformas o espanto
contornas o pranto
escondes no manto
esconsos segredos
mantras formas
cristais de marinhas águas
canais de estranhas mágoas
formas com formas
disformes farturas
compões o espaço
ondeias o traço
de famélicas danças
e fazes de ti
a forma a estética o desejo
perfeita
mortal
total
9.2.99
FIM
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