(Daumier - Endymion)
Há narizes e narizes:
de todos os matizes,
negros, brancos, amarelos.
Há-os feios, há-os belos.
Narizes verdadeiros
de boa genética
e melhor ética
e há narizes falsos,
feitos em falsas curvas
mais que perfeitas.
Narizes redondos
como um caqui
e narizes arrebitados
talhados, moldados
a golpes de bisturi.
Há-os como celeiros,
ventas bravas de pêlo e pó,
máquinas espirrantes
por quaisquer cheiros.
Também há narizes
chatos de dar dó,
e narizes compridos
como eles só,
mas todos matrizes
de praças do interior:
promontório do rosto,
causam riso ou desgosto,
à vezes tristeza
mais do que dor.
Mesmo com a beleza
de fruta ou de flor,
mesmo grosso ou fino,
causam desatino
se na doce paragem
desafinam com gosto
do resto da paisagem.
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