30 de set. de 2015

insatisfação



(A. não identificado)







chupo tua boceta e penso na manga madura


enchendo de sumos a minha boca






chupo a manga madura e penso em tua boceta


me invandindo o olfato, o tato, o paladar






ambas no mesmo ato de chupar - impossível


então me conformo em pensar que tua boceta


é a manga madura escorrendo sumo amarelo


e a manga madura que chupo é tua boceta 


em gozos oferecida ao prazer de meus sentidos






12.6.2015


27 de set. de 2015

vulnerabilidades




(Franco Clun)




vulnerável o barquinho de papel
lançado pelo menino à correnteza do meio fio

vulnerável o pássaro no alto da árvore
à chuva de granizo em dia de tempestade

vulnerável o andar da criança
inventando caminhos e futuros

vulnerável ao vento e à chuva a fortuna
inutilmente amealhada ao longo da vida

vulnerável o véu da noiva e a aliança
de vidro do noivo diante de deuses e altares

vulnerável a vida jogada aos mares
em barcos de plástico e vento

vulnerável será um dia meu corpo inerte
lançado aos cuidados de ilustres desconhecidos

porque é assim a vida e assim correm os anos
que temos sobre a bola em que viajamos
redemoinhando no tempo e no espaço
nada de nada do nada que pensamos ser




21.9.2015



22 de set. de 2015

Na geografia do teu corpo




(Jacques Majorelle - 1886-1962 - reclining-nude)







Deitada nua,


de frente para mim,


entregas-me tua geografia:


ao norte, os lábios exploro


com meus lábios; a língua,


no recôncavo da boca, com minha


língua; o oco enfim da própria


boca com minha vara, que chupas


lânguida, deliciada.


Desço, depois, rumo ao sul,


não sem antes uma parada,


uma parada exploratória


por duas pequenas colinas:


a oeste, o teu seio direito,


a leste, o teu seio esquerdo;


colinas de prazer e arrepios que


percorro com dedos e mãos e lábios


para sugar a seiva do topo róseo,


a levar-te a espasmos moderados de prazer


e languidez.


Desço um pouco mais, pela ampla


planície


de tua barriga e paro - só um pouco -


na pequena cratera


de teu umbigo, nem funda nem rasa, apenas


um oásis simples de ternura e descanso, para


logo em seguida prosseguir na trilha


rumo ao paraíso do sul,


onde encontro,


primeiro, uma floresta rala de negros pelos, de


macia alcatifa, onde pouso - por instantes -


o olfato, os lábios, a língua, para preparar o ansiado


encontro


com a pérola e a a concha


que tens guardadas para mim nesse


imenso


e tão pequeno


paraíso.


Tua pérola se entumesce à saliva de


minha língua, ao toque


de meus lábios;


sugo-a eu com devoção como se quisesse exaurir


a vida que em ti habita por meio desse


pequeno botão


vibrante,


tu te contorces um pouco e pouco a pouco teu


desejo


vem em ondas de mar aberto, até que, num movimento que abrange


toda a caverna, a língua percorre tua fenda


de norte a sul,


de sul a norte,


o mar que se esconde em tua caverna ruge profundo


quando, enfim, a língua toda, em prazer


tornada, adentra o paraíso fremente e um tsunami


de águas termais - marítimas águas - inundam minha boca,


minha vida,


meu amor


por ti.


Satisfeito - não saciado -,


depois de breve descanso,


enquanto ainda quente do primeiro orgasmo, retomo


a viagem, não sem antes virar-te de bruços - agora, bem mais


ao sul,


acaricio os teus pés,


os dedos separo, a cada um dou o trato da minha língua


chupo-os delicadamente,


enquanto soltas gritinhos de


prazer -


depois que assim de joelhos dei aos teus pés todo o meu afeto,


as tuas longas pernas flexionadas


- deixo-as cair para que, subindo curvas e vales,


a língua atinja tuas coxas - então


vislumbre e percorra


a montanha suprema de suprema beleza,


as grandes elevações arredondadas, a lua plena, ali, inteiramente


minha,


à disposição total dos meus supremos anseios,


a porção cobiçada por tantos,


alcançada por mim, por minha boca,


mordisco a leste, pulo para o oeste,


antecipo e antegozo o momento extremo,


enquanto voltas a gemer um pouco


imaginas, talvez, ou desejas mais que tudo -


esperas, anseias pelo que pode fazer a paixão


diante da lua entre lençóis ao alcance de minha boca,


de minha língua,


numa lua com um vale profundo,


é a esse vale aberto


agora


que todo meu tesão se dirige


para o seu fundo


que a minha


língua se


estende,


serpenteia,


escorrega,


desce,


vai,


a vagar,


devagar,


devagar...


Joinville, 15.4.2015


17 de set. de 2015

TREZE POEMAS DE INVERNO E UMA CANÇÃO DE PRIMAVERA



(Katy_Bailey - masked sheets)



     Primeiro poema de inverno:

Convite


vem, amor, pra debaixo do calor
de nossas cobertas; fica,
fica e acaricia minha pica
para que,  neste inverno
o teu gozo seja eterno


 Segundo poema de inverno:

Aquecimento

não amor eu quero contigo
fazer:
quero do teu umbigo
ao teu sexo
me
 escorrer
e
lábio com lábio
não na boca, imagina!
mas meu lábio
- mais sábio -
lá, em tua vagina!


        Terceiro poema de inverno:

Entrega

chupa, chupa por entre
as pregas de minha glande,
o calor que fica
em minha pica
 - e que se expande -
quando sai de teu ventre

enquanto minha língua
bem viva
usa muita saliva
para enrolar teu grelo
com teu próprio pelo




      Quarto poema de inverno


Navegação


faz de teu corpo
o cais
onde quero
sempre mais
o lençol inunda
com todo o gozo
que escorre de tua bunda




Quinto poema de inverno:

Farol

em cada espasmo
do teu corpo,
dá-me o teu orgasmo
não, não refreio
meu anseio
em teu seio
(fruto de ouro):
quero todo o veio
de teu tesouro



  Sexto poema de inverno:


Ilha

colho com a língua
     o gozo que vem lento
    e forte
  do fundo de teu corte


goza mais, amor, goza,
enquanto chupo o teu cravo:
se a língua tece a prosa,
faço versos como teu escravo


  Sétimo poema de inverno:

Praia

quero-te onda
para afogar-me em teu ventre
quero-te rio
para afundar-me em teu gozo
quero-te lago
para afugentar os meus temores


   Oitavo poema de inverno:

Navio

não sentes o frio que vem de fora porque aqui
bem quente há um pau que te devora


também não me arrepia o vento que bate à porta
tenho aqui dento o que me basta: o agasalho
da tua boca para aquecer o meu caralho




Nono poema de inverno:


Náufragos


peço-te gozo e me dás
teus licores;
peço-te tesão e me dás
teus humores




1Décimo poema de inverno:

Balsa

no teu grelo esfregas
minha vara
e te entregas
à sanha da minha tara


Undécimo poema de inverno:

Horizonte


lambes de cima até em baixo
minha caceta,
enquanto me afogo lá em baixo
nos sucos de tua boceta



 Duodécimo poema de inverno:

Litoral


valquíra do orgasmo e da beleza,
cavalgas e não foges à luta:
dá-me, a mim, a certeza
de que cumpres no meu pau
tua doce vocação de puta


Décimo terceiro poema de inverno:

Cais

exausto, desfalecida
te deixo:
a vara antes enlouquecida
é freixo
no meio do rio;
assim,
minha sanha e teu gozo
ao fim,
jogaram no fogo
este inverno tão frio

A canção de primavera:


Flores

tu sabes o que eu era,
eu sei o que tu desejas:
espera um pouco mais, espera,
prova do bolo todas as cerejas,
amansa aqui dentro a fera
embora cansada já estejas;
eu sei que te desespera
este inverno, mas que sejas
ainda um vez a quimera
de ilusões benfazejas,
antes que chegue a primavera








12 de set. de 2015

fruto do mar



(A. não identificado)




na quilha de liquens e plânctons
língua é  ilha no mar de sargaços
a concha ondeia e a pérola rola
em sumo encrespam-se os vales

eflúvios de sal a cada toque
de lábios com lábios e lambidas
chuva e sol em águas de mares
mistérios gozosos  em plenilúnio

minhas papilas sonham as gotas
de todos os sais e todos os gozos
que espraiam ondas de você:
sabe amar quem sabe a mar


2.9.2015
3.9.2015

5.9.2015

1 de set. de 2015

flash



(Tarsila do Amaral - operários)






cheguei por trás da multidão


ergui bem alto o celular:






deve ser a pelada da playboy






decepção: não era a pelada


era um atropelado


mais um motoqueiro esticado


no asfalto da cidade



28.6.2016