(Jacques Majorelle - 1886-1962 - reclining-nude)
Deitada nua,
de frente para mim,
entregas-me tua geografia:
ao norte, os lábios exploro
com meus lábios; a língua,
no recôncavo da boca, com minha
língua; o oco enfim da própria
boca com minha vara, que chupas
lânguida, deliciada.
Desço, depois, rumo ao sul,
não sem antes uma parada,
uma parada exploratória
por duas pequenas colinas:
a oeste, o teu seio direito,
a leste, o teu seio esquerdo;
colinas de prazer e arrepios que
percorro com dedos e mãos e lábios
para sugar a seiva do topo róseo,
a levar-te a espasmos moderados de prazer
e languidez.
Desço um pouco mais, pela ampla
planície
de tua barriga e paro - só um pouco -
na pequena cratera
de teu umbigo, nem funda nem rasa, apenas
um oásis simples de ternura e descanso, para
logo em seguida prosseguir na trilha
rumo ao paraíso do sul,
onde encontro,
primeiro, uma floresta rala de negros pelos, de
macia alcatifa, onde pouso - por instantes -
o olfato, os lábios, a língua, para preparar o ansiado
encontro
com a pérola e a a concha
que tens guardadas para mim nesse
imenso
e tão pequeno
paraíso.
Tua pérola se entumesce à saliva de
minha língua, ao toque
de meus lábios;
sugo-a eu com devoção como se quisesse exaurir
a vida que em ti habita por meio desse
pequeno botão
vibrante,
tu te contorces um pouco e pouco a pouco teu
desejo
vem em ondas de mar aberto, até que, num movimento que abrange
toda a caverna, a língua percorre tua fenda
de norte a sul,
de sul a norte,
o mar que se esconde em tua caverna ruge profundo
quando, enfim, a língua toda, em prazer
tornada, adentra o paraíso fremente e um tsunami
de águas termais - marítimas águas - inundam minha boca,
minha vida,
meu amor
por ti.
Satisfeito - não saciado -,
depois de breve descanso,
enquanto ainda quente do primeiro orgasmo, retomo
a viagem, não sem antes virar-te de bruços - agora, bem mais
ao sul,
acaricio os teus pés,
os dedos separo, a cada um dou o trato da minha língua
chupo-os delicadamente,
enquanto soltas gritinhos de
prazer -
depois que assim de joelhos dei aos teus pés todo o meu afeto,
as tuas longas pernas flexionadas
- deixo-as cair para que, subindo curvas e vales,
a língua atinja tuas coxas - então
vislumbre e percorra
a montanha suprema de suprema beleza,
as grandes elevações arredondadas, a lua plena, ali, inteiramente
minha,
à disposição total dos meus supremos anseios,
a porção cobiçada por tantos,
alcançada por mim, por minha boca,
mordisco a leste, pulo para o oeste,
antecipo e antegozo o momento extremo,
enquanto voltas a gemer um pouco
imaginas, talvez, ou desejas mais que tudo -
esperas, anseias pelo que pode fazer a paixão
diante da lua entre lençóis ao alcance de minha boca,
de minha língua,
numa lua com um vale profundo,
é a esse vale aberto
agora
que todo meu tesão se dirige
para o seu fundo
que a minha
língua se
estende,
serpenteia,
escorrega,
desce,
vai,
a vagar,
devagar,
devagar...
Joinville, 15.4.2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário