22 de set. de 2015

Na geografia do teu corpo




(Jacques Majorelle - 1886-1962 - reclining-nude)







Deitada nua,


de frente para mim,


entregas-me tua geografia:


ao norte, os lábios exploro


com meus lábios; a língua,


no recôncavo da boca, com minha


língua; o oco enfim da própria


boca com minha vara, que chupas


lânguida, deliciada.


Desço, depois, rumo ao sul,


não sem antes uma parada,


uma parada exploratória


por duas pequenas colinas:


a oeste, o teu seio direito,


a leste, o teu seio esquerdo;


colinas de prazer e arrepios que


percorro com dedos e mãos e lábios


para sugar a seiva do topo róseo,


a levar-te a espasmos moderados de prazer


e languidez.


Desço um pouco mais, pela ampla


planície


de tua barriga e paro - só um pouco -


na pequena cratera


de teu umbigo, nem funda nem rasa, apenas


um oásis simples de ternura e descanso, para


logo em seguida prosseguir na trilha


rumo ao paraíso do sul,


onde encontro,


primeiro, uma floresta rala de negros pelos, de


macia alcatifa, onde pouso - por instantes -


o olfato, os lábios, a língua, para preparar o ansiado


encontro


com a pérola e a a concha


que tens guardadas para mim nesse


imenso


e tão pequeno


paraíso.


Tua pérola se entumesce à saliva de


minha língua, ao toque


de meus lábios;


sugo-a eu com devoção como se quisesse exaurir


a vida que em ti habita por meio desse


pequeno botão


vibrante,


tu te contorces um pouco e pouco a pouco teu


desejo


vem em ondas de mar aberto, até que, num movimento que abrange


toda a caverna, a língua percorre tua fenda


de norte a sul,


de sul a norte,


o mar que se esconde em tua caverna ruge profundo


quando, enfim, a língua toda, em prazer


tornada, adentra o paraíso fremente e um tsunami


de águas termais - marítimas águas - inundam minha boca,


minha vida,


meu amor


por ti.


Satisfeito - não saciado -,


depois de breve descanso,


enquanto ainda quente do primeiro orgasmo, retomo


a viagem, não sem antes virar-te de bruços - agora, bem mais


ao sul,


acaricio os teus pés,


os dedos separo, a cada um dou o trato da minha língua


chupo-os delicadamente,


enquanto soltas gritinhos de


prazer -


depois que assim de joelhos dei aos teus pés todo o meu afeto,


as tuas longas pernas flexionadas


- deixo-as cair para que, subindo curvas e vales,


a língua atinja tuas coxas - então


vislumbre e percorra


a montanha suprema de suprema beleza,


as grandes elevações arredondadas, a lua plena, ali, inteiramente


minha,


à disposição total dos meus supremos anseios,


a porção cobiçada por tantos,


alcançada por mim, por minha boca,


mordisco a leste, pulo para o oeste,


antecipo e antegozo o momento extremo,


enquanto voltas a gemer um pouco


imaginas, talvez, ou desejas mais que tudo -


esperas, anseias pelo que pode fazer a paixão


diante da lua entre lençóis ao alcance de minha boca,


de minha língua,


numa lua com um vale profundo,


é a esse vale aberto


agora


que todo meu tesão se dirige


para o seu fundo


que a minha


língua se


estende,


serpenteia,


escorrega,


desce,


vai,


a vagar,


devagar,


devagar...


Joinville, 15.4.2015


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