degringola-se a vida
escada abaixo
enrola-se a morte
num cobertor de pobre
adiando as flores
não há fórmulas feitas
para superar as encrencas
desce a ladeira
para a beira do rio
tropeços e ameaças
de dias mais negros
desenrola-se a vida
adiando as dívidas
bola de neve o eterno
lugar comum
cada dia pior
a vida que vai
ao ânimo do vento
que sopra do norte
trazendo desgraça
enrolando a morte
bem enrolada
no cobertor do pobre
na beira do rio
do rio sem fim
22.6.2019
(Debora Arango (1907-2005); tugurianos)
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