beber tanto vinho até ficar emocionado
com mínimas lembranças do passado
deixar que a névoa do álcool acabe
com minhas barreiras antes que o mundo desabe
na sala de espantos dos pássaros da juventude
onde há penas deixadas ao longo dos caminhos
e viceja em torno de cada flor o sinal da platitude
de campos de girassóis de van gogh e de surrealistas
que misturam tintas e sonhos sobre telas de linhos
a traçar os planos de domínio do mundo em listas
numeradas de mortos do último furacão que arrasou
as costas dos estados unidos e depois deixou
que as emoções tingidas de vinho viessem à tona
e o poema ganhasse afinal ares de pássaro ferido
como o qual não mais ornamento com as rimas
abandonadas pelo caminho como penas inúteis
transformado em míseras palavras bêbadas
que brotam da nuvem e dos eflúvios de cepas raras
7.9.2019
(Ilustração: Vincent Van Gogh)
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