quando a solidão aperta um pouco demais
os seus braços em torno de meu torso nu
sei que é hora de olhar para dentro de mim
e dizer sem muita cerimônia que é chegada a hora
de beber um pouco mais do copo de fel e cachaça
sem pensar muito nas consequências da aurora
soltar as rédeas da arrogância e cavalgar
pelas planuras de nuvens regadas a lágrimas
deixar que rolem no peito as lembranças fúteis
de passos marcados nas areias do passado
sem pensar que a solidão aperta o peito apenas
quando se afrouxam as resistências de pedra
no fundo do rio escondido entre montanhas
na mais desesperançada ausência de futuro
13.1.2020
(Ilustração: August Strindberg - sunset)
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