15 de fev. de 2020

areias do passado






quando a solidão aperta um pouco demais

os seus braços em torno de meu torso nu

sei que é hora de olhar para dentro de mim

e dizer sem muita cerimônia que é chegada a hora

de beber um pouco mais do copo de fel e cachaça

sem pensar muito nas consequências da aurora

soltar as rédeas da arrogância e cavalgar

pelas planuras de nuvens regadas a lágrimas

deixar que rolem no peito as lembranças fúteis

de passos marcados nas areias do passado

sem pensar que a solidão aperta o peito apenas

quando se afrouxam as resistências de pedra

no fundo do rio escondido entre montanhas

na mais desesperançada ausência de futuro



13.1.2020


(Ilustração: August Strindberg - sunset)


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